Manuel Dantas Suassuna e Denise Mattar – Foto Cris Dias.

 

De 22 de dezembro de 2021 a 07 de março de 2022

O Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH) abre suas portas para apresentar a Mostra Movimento Armorial 50 Anos, entre 22 de dezembro de 2021 e 07 de março de 2022. A Mostra consiste numa grandiosa exposição e encontros musicais e literários que, juntos, conduzirão o público pelo eclético, múltiplo e fantástico universo do Movimento Armorial.

Movimento Armorial 50 Anos surge com um compromisso ousado: reapresentar ao público, sobretudo às novas gerações, a proposta singular e desafiadora de Ariano de criar, há cinco décadas, uma arte erudita a partir das mais autênticas e tradicionais manifestações artístico-culturais populares do Nordeste e de outras regiões do país.

Lançado no Recife, em 8 de outubro de 1970, por um grupo de artistas, o Movimento Armorial teve como mentor e líder o dramaturgo, professor, pintor, músico e consagrado escritor, paraibano de nascimento e pernambucano por adoção, Ariano Suassuna (1927-2014).

O conceito da exposição foi traçado pela premiada curadora Denise Mattar, que fez um minucioso trabalho de pesquisa e garimpagem no vastíssimo acervo do Movimento para rememorar – com delicadeza, encanto e graça – a riqueza dos saberes e fazeres culturais impregnados na arte Armorial. A expografia e arquitetura ficaram sob a responsabilidade do designer Guilherme Isnard. A consultoria geral é do artista plástico Manuel Dantas Suassuna (filho de Ariano Suassuna) e do poeta, ficcionista, ensaísta e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Carlos Newton Júnior, profundo conhecedor do Movimento Armorial e da obra de Ariano.

Do preto e branco das xilogravuras, passando pelo multicolorido dos ornamentos e fantasias das festas populares e pelas coreografias das danças. Pelos ritmos dos cantos e da música, de sons de rabeca, pífano e viola. Pela sonoridade dos versos dos cordéis e dos cantadores. Todos os caminhos conduzem a uma experiência única. Uma trilha cultural sem fronteiras, como a ideia plantada, lá atrás, por Ariano e que, agora, chega revigorada, pouco mais de 50 anos depois, à exposição.

Armorial 50 foi concebida para marcar o cinquentenário do Movimento Armorial, comemorado em outubro de 2020, mas teve seu lançamento postergado devido à pandemia de Covid-19. Pela significância e representatividade do universo criado por artistas como Ariano Suassuna, Francisco Brennand, Antônio Carlos Nóbrega, Gilvan Samico e Aluísio Braga, entre outros, o projeto se manteve vivo e será inaugurado neste ano, em Belo Horizonte, devendo seguir para outras capitais brasileiras durante o ano de 2022.

SOBRE A EXPOSIÇÃO

A exposição está organizada em quatro núcleos, distribuídos nas salas do terceiro andar do CCBB da capital mineira. Em cada um deles foi definido um tratamento expográfico exclusivo que traz à tona a diversidade, as tradições e as mais representativas raízes da cultura popular nordestina. Tal qual idealizado por Ariano Suassuna. E, conforme explicitado pela produtora Regina Rosa de Godoy, idealizadora do projeto e diretora da empresa R.Godoy Marketing e Cultura, “de forma mágica, lúdica, plena de humor”. Um humor que faz pensar”.

O texto de apresentação, assinado por Denise Mattar, é o primeiro passo da imersão do visitante no fascinante universo da arte Armorial. Na sequência, chega-se ao primeiro núcleo, intitulado Ariano Suassuna, Vida e Obra. A exposição trará cronologia, livros, manuscritos e vídeos de suas famosas aulas-espetáculos. Um mergulho cultural, enfim, no fértil e amplo imaginário criativo do mestre. Nesta etapa, também ganha destaque o alfabeto sertanejo, criado por Ariano com base na pesquisa Ferros do Cariri, uma Heráldica Sertaneja.

No próximo núcleo, denominado Armorial Fase Experimental, o visitante entrará em mais um ambiente repleto de cultura e tradições. Agora navegando pela música, dança e artes plásticas. A exposição resgata, neste momento, por exemplo, o trabalho da Orquestra e do Quinteto Armorial, grupo que surgiu com o Movimento, em 1970, e atuou até 1980, com a exitosa intenção de criar uma música de câmara erudita com influência popular.

O premiado Quinteto Armorial reuniu como integrantes figuras consagradas da música, como o maestro, violinista e compositor Antônio José Madureira e o multiartista Antônio Carlos Nóbrega. O grupo gravou quatro LPs, discografia que a exposição revisita com capas de discos, além de fotos e instrumentos musicais, para aproximar, melodicamente, o público do universo armorial.

Neste mesmo espaço abrem-se também as cortinas para o Teatro Armorial, com figurinos assinados pelo ceramista e artista plástico pernambucano Francisco Brennand (1927-2019) para o filme A Compadecida (1969). A produção foi baseada na consagrada peça O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, que assinou o roteiro do filme e ganhou um remake em 2000, o que ajudou a massificar a obra de Ariano Suassuna em todo o Brasil.

Na dança, toda a beleza e graciosidade do Balé Armorial do Nordeste, retratado em galeria de fotos. O visitante passa, a partir daí, a entrar mais intensamente no universo das artes plásticas do Armorial, por meio das obras dos artistas Aluísio Braga, Fernando Lopes da Paz, Miguel dos Santos e Lourdes Magalhães. Haverá, também, a Sala Especial Samico, um merecido destaque que dialoga, de acordo com os organizadores da mostra, com a coerência e permanência do trabalho do artista Gilvan Samico (1928-2013), conhecido por suas xilogravuras, alinhado, até 2013, aos princípios do Armorial.

MARACATUS, REISADOS, ILUMIARAS, XILOGRAVURAS E CORDÉIS 

No terceiro e quarto núcleos a exposição segue explorando a segunda fase do Movimento Armorial e suas vastas referências. Para isso, traz à cena Iluminogravuras e pinturas de Ariano Suassuna, bem como painéis fotográficos das pedras ilumiaras Jaúna, Zumbi, Suassuna e Pedra do Reino. Também abre espaço para o Movimento Armorial no Teatro e na TV, além de explorar o trabalho de Zélia Suassuna (esposa de Ariano), de Manuel Dantas Suassuna, bem como de Romero de Andrade Lima e Alexandre Nobrega. A dança mais uma vez é retratada com fotos, figurinos e projeções, através do Balé Grial, criado por Ariano e pela bailarina e coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo.

Por fim, o visitante se depara com Maracatus, Reisados, Cavalo-Marinho – com máscaras de tradicionais personagens do folguedo produzidas pelo artista olindense Maciel Salú, filho do famoso mestre Salustianos (1945-2008) -, além da Festa do Divino, com trajes, estandartes e adereços. E mais: poderá contemplar a beleza das xilogravuras, assinadas, entre outros, pelos Mestres J.Borges, Noza e Dila. A seguir, a Cidade do Cordel, criada a partir das obras do filho de J.Borges, Pablo Borges. Trata-se de um espaço instagramável que vai permitir uma lúdica viagem pela cultura popular, com seus causos e singularidades, a partir desse divertidíssimo e criativo panfleto literário.

EVENTOS PARALELOS

No período de 12 a 21 de janeiro de 2022, o público da Mostra Movimento Armorial 50 Anos terá um contato ainda mais profundo com este Movimento. Espetáculos musicais e encontros literários entram na programação.

O curador musical é o reverenciado artista Antônio Madureira, um importante representante do Movimento desde o seu surgimento, tendo sido convidado por Ariano Suassuna para produzir os arranjos e conduzir a Orquestra Armorial. Faz, até hoje, a conexão da música Armorial pelo Brasil. Madureira leva ao público da Mostra músicos instrumentais de altíssima qualidade, nos Encontros musicais. Da Paraíba, teremos o premiadíssimo Quinteto da Paraíba e o Trio Lancinante. De Curitiba, o Grupo Rosa Armorial. Pernambuco marca presença com Antônio Nóbrega e o Rio de Janeiro com o duo Ana Oliveira e Sérgio Ferraz.

Para mostrar a versatilidade do Movimento Armorial e a interlocução com as várias linguagens artísticas, o curador convidado é Carlos Newton Júnior, um dos consultores da exposição e referência sobre a obra de Ariano Suassuna. “Conversas sobre a Arte Armorial” será um ciclo de encontros teóricos/temáticos que abordará a criação Armorial nos diversos gêneros: Literatura, Teatro, Música, Dança e Artes Plásticas. Imperdível!

ACESSIBILIDADE 

A Exposição Movimento Armorial 50 Anos segue padrões de acessibilidade e inclusão. Contará com audioguia bilíngue e com recursos do Aplicativo Musea, plataforma de conteúdo voltado para exposições, que permite uma melhor inserção nos conteúdos, com audiodescrição, além de trazer mais informações, como curiosidades e visitas virtuais.

REDES SOCIAIS

A exposição vai ter espaço de destaque nas redes sociais do CCBB, desde a estreia, no dia 21 de dezembro, até o fechamento da mostra, com fotos, vídeos, entrevistas, curiosidades e posts, que trazem, inclusive, as experiências e descobertas do visitante no universo do Movimento Armorial. Seus principais influenciadores e o seu legado, que segue forte e vibrante 50 anos depois do seu lançamento.

COLECIONADORES

Entre os colecionadores particulares, artistas e instituições que irão disponibilizar obras à exposição MovimentArmorial 50 Anos estão a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), Oficina Brennand, Manuel Dantas Suassuna, Eduardo Suassuna, Romero de Andrade Lima, Gilvan Samico, Diogo Cantarelli, Maria Paula Costa Rêgo, J. Borges, Lourdinha Vasconcelos, entre outros.

SOBRE DENISE MATTAR

Denise Mattar é uma das mais premiadas curadoras da atualidade. Exerceu o cargo de diretora técnica de instituições culturais, como o Museu da Casa Brasileira (1985-1987), o Museu de Arte Moderna de São Paulo (1987-1989) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1990-1997). Desde 1997, atua como curadora independente, tendo recebido ao longo dos anos quatro prêmios da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e dois prêmios ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte). Aceitou o convite de Regina para este desafio de retratar o Movimento Armorial, com seus animais fantásticos e toda sua pluralidade.

SOBRE REGINA GODOY

Idealizada pela diretora Regina Rosa de Godoy, com esta Mostra comemora 30 anos de produção e 20 anos da parceria com a curadora Denise Mattar. Especializada na realização de eventos de especial importância para a arte brasileira, viabiliza ações criativas e transformadoras nas mais diversas linguagens, atendendo expressivas Instituições do segmento no país. Em parceria com o CCBB tem realizado ao longo de 15 anos eventos nas áreas de Dança, Música, Teatro, palestras sobre Filosofia e Arte e exposições de arte.

MOSTRA MOVIMENTO ARMORIAL 50 ANOS, POR CARLOS NEWTON JÚNIOR

“Ao promover uma retrospectiva dos 50 anos do Armorial, a exposição deixa claro que a poética do Movimento idealizado por Ariano Suassuna continua viva e fecunda, indicando uma direção que vem sendo seguida por artistas de mais de uma geração, cada um deles percorrendo o seu próprio caminho. Não há que se falar, portanto, em uniformização ou tolhimento à liberdade criadora, muito pelo contrário. A riqueza inesgotável da cultura popular, fonte maior da arte armorial, com seus elementos ibéricos, indígenas e africanos, induziu a criação de uma poética aberta, que nos liga, em última instância, tanto à tradição da cultura mediterrânica quanto às tradições da arte popular de países do terceiro mundo”.

ARIANO SUASSUNA EXPLICA ORIGEM DO MOVIMENTO

“Eu comecei a ficar preocupado com a descaracterização da cultura brasileira. Processo esse que ainda hoje está em curso, motivo pelo qual eu acho que o Armorial continua atual e atuante. Pensei em reunir um grupo de artistas que atuassem em todas as áreas e que tivessem preocupações semelhantes às minhas para que nós, juntos, procurássemos uma arte brasileira erudita fundamentada nas raízes populares da nossa cultura. E, através dessa arte, a gente luta contra esse tal processo de descaracterização da cultura brasileira”.

Rede Globo Recife, entrevista veiculada em novembro de 2013.

SERVIÇO

“Movimento Armorial 50 anos”

De 22 de dezembro de 2021 a 07 de março de 2022

De quarta a segunda, das 10h às 22 horas.

Ingressos gratuitos, retirados pelo bb.com.br/cultura.

Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte

Circuito Liberdade

O Centro Cultural Banco do Brasil é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas. Acesse o site do CCBB em: bb.com.br/cultura.

Protocolo de funcionamento do CCBB durante a pandemia de Covid-19

Para acesso ao prédio do CCBB Belo Horizonte é indispensável a emissão de ingresso online. Antes de agendar sua visita, leia com atenção as informações disponíveis em bb.com.br/cultura, que fazem parte do novo protocolo de funcionamento do CCBB Belo Horizonte, conforme Decreto Municipal 17.361 de 22 de maio de 2020.

–  Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 22h.

–  Bilheteria: não há bilheteria física, os ingressos devem ser emitidos pelo site bb.com.br/cultura com apresentação do QR Code na entrada do CCBB.

–  Acesso ao prédio: será permitido apenas com agendamento pelo site bb.com.br/cultura. Lembramos que o número de pessoas que podem agendar visitação em cada horário é limitado e que não será possível reagendar novamente a visita.

–  O ingresso é válido para o dia e horário agendados.

–  Guarda-volumes: está suspenso. Use somente o indispensável para sua visita.

–  Não é permitida a entrada nas salas de exposição portando mochilas ou malas.

–  Bebedouros: os bebedouros foram adaptados e a utilização é somente para coleta de água com recipientes individuais.

–  Máscara: uso obrigatório, cobrindo o nariz e a boca, durante a permanência no CCBB.

–  Aferição de temperatura: a temperatura dos visitantes será aferida na entrada no CCBB. Pessoas com temperatura igual ou superior a 37,5o serão orientadas a buscar atendimento médico especializado.

–  Visitação: a visitação tem fluxo unidirecional. Oriente-se pela sinalização e uma vez iniciada a visita não retorne ao ponto inicial.

–  Oriente-se pela sinalização e mantenha a distância de 1 metro.

–  Elevadores: pessoas com deficiência, mobilidade reduzida ou que precisem de acompanhamento possuem atendimento priorizado. Recomendamos o uso das escadas aos demais usuários.

–  Banheiros: limitação da capacidade além da instalação de dispensadores de álcool gel.

– Entrada e saída acessível: pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem entrar e sair pela rua Claudio Manoel.