Sistema, que faz leitura de mil notas fiscais em 3 segundos, pode inibir ações fraudulentas de empresas de fachada usadas para lavar dinheiro
A sonegação fiscal é um dos crimes mais praticados no país, e que gera uma quantia vultosa em prejuízos aos cofres públicos. Boa parte das vítimas da corrupção são empresas que atuam legalmente no mercado, e que acabam sendo indevidamente responsabilizadas por rombos financeiros aplicados por pessoas que agem aplicando golpes disfarçados de fornecimento de produtos e serviços ou fazendo-se passar por empresas.
Se é difícil mensurar quanto as empresas perderam, é possível identificar o prejuízo à União. No ano passado, cálculos do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) apontaram um desvio de R$ 626,8 bilhões, valor que corresponde a quase 1/3 da arrecadação federal, que foi de R$ 2,2 trilhões em 2022.
Lutar contra essa prática é um desafio que ainda tira o sono dos setores contábeis de várias empresas. Mas a expectativa é positiva. Se depender dos avanços da inteligência artificial, crimes de lavagem de dinheiro cometidos por empresas de fachada que utilizam notas fiscais frias, contratos inexistentes e falsas transações comerciais deverão ser coisa do passado. Ainda que hoje a principal arma de combate sejam os cruzamentos de dados promovidos pelos receituários.
“O problema é que hoje ainda é puramente intuitivo o combate aos crimes de fraude”, avalia Maria Cristina Diez, engenheira de softwares e diretora comercial e de marketing da Most Specialist Technologies, empresa especializada em criação e implementação de sistemas de segurança digital. A solução, porém, vem da própria empresa, que acaba de lançar no mercado a Most Invoice, ferramenta capaz de extrair e autenticar dados de documentos fiscais, oferecendo informações importantes de fiscalização e proteção tributária, a uma velocidade impossível de ser alcançada pelos esforços humanos.
“Estamos falando do processamento de mil notas fiscais em três segundos. Mas o tempo de resposta não chama tanto a atenção quanto a tecnologia que desenvolvemos por trás da programação”, explica. Usando um sistema inteligente de reconhecimento de caractere óptico (batizado pela Most de iOCR), o software faz a leitura de todas as informações da nota fiscal. Em seguida, recorre a outra tecnologia, chamada de Processamento de Língua Natural (PLN).
“Grosso modo, podemos afirmar que o iOCR são os olhos capazes de ler o documento e o PLN é o cérebro que o interpreta”, compara Maria Cristina Diez. A partir da leitura e da interpretação dos dados, as informações são cruzadas com bancos de dados públicos, que informam, em poucos segundos, o sistema gerador, o CNPJ do prestador e do comprador, a data da emissão da nota, a descrição do serviço, a chave de acesso e até o status em que a nota fiscal se encontra.
“A prática de cancelar indevidamente notas fiscais faz parte do modus operandi de empresas envolvidas em esquemas fraudulentos. Existe um prazo legal para o cancelamento, mas nem sempre a observância desse procedimento é sinal de fraude. A partir da Most Invoice, é possível fazer um acompanhamento mais rigoroso diante de uma relação comercial com outra empresa, com a ajuda da própria inteligência artificial, práticas eventualmente incomuns, que podem configurar irregularidade fiscal. É um ganho e tanto para quem trabalha procurando agulha no palheiro”, sustenta a engenheira da Most.
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